Já te contei?...

Porque há coisas que às vezes ficam por contar...

terça-feira, 18 de abril de 2006

Cidade

do Lat. civitate

s. f.,
- complexo demográfico formado, social e economicamente, por uma importante concentração populacional não agrícola, ou seja, dedicada a actividades de carácter comercial, industrial, financeiro e cultural;
- povoação de primeira categoria, de maior importância e grandeza;
- habitantes dessa povoação;
- a parte mais antiga ou mais central dessa povoação.

Deixa-me atentar no significado em destaque (habitantes dessa povoação) para registar o meu desapontamento. Não pretendo fazer uma abordagem sociológica do tema, já que a vivência empírica é suficiente para que todos percebam ao que me refiro.

Imagina que a pessoa que vai à tua frente a entrar para o autocarro deixa cair um papel. O teu primeiro instinto é avisá-la: “Olhe, deixou cair um papel!”. Das duas uma: ou essa pessoa te fica grata, porque, de facto, era qualquer coisa de importante, ou, por outro, o apanha por vergonha, já que o tinha deixado cair propositadamente, com preguiça de o guardar até ao próximo caixote de lixo. (Excluo a terceira hipótese, que por mais que uma vez assisti, de a pessoa simplesmente dizer de forma arrogante: “ah, deixe estar… deitei fora porque não preciso dele!”. Neste caso, ou ignoramos resignados, ou vestimos a nossa capa de defensores do ambiente e passamos um valente sermão ao transgressor, que, no extremo da falta de civismo, ainda nos “acusa” de “ministros do ambiente” – é verídico, já me aconteceu. E o pior é que o senhor em questão achava mesmo que me estava a ofender…).

Mas o motivo desta “dissertação” foi um curto episódio a que assisti há pouco e ainda estou a pensar nele. Ia no autocarro e vejo, no meio da rua, um senhor de idade avançada, a tombar para trás, a cair de costas e a bater com a cabeça numa mota que por acaso estava li estacionada. A minha primeira reacção (dentro do autocarro em andamento) foi olhar para trás, para ver o que acontecia ao pobre senhor. E a manifestação da “cidade”, dos habitantes dessa povoação, foi a pior que se podia esperar. Passaram duas pessoas pelo senhor que tinha acabado de cair de forma violenta e NÃO FIZERAM NADA!!! Ignoraram o senhor e desviaram-se para não pisá-lo!!! Veio em seguida outro senhor que assistiu à queda, a correr do outro lado da rua, para ajudá-lo. E mais não vi, porque o autocarro avançou demasiado…

Não percebo aquela parte da “grandeza”, quando dizem “povoação de primeira categoria, de maior importância e grandeza”. É nestes momentos que me apercebo da pequenez dos citadinos…