Tertúlia lá em casa
Na continuação da minha indecisão em relação ao voto no dia 11, decidi organizar uma tertúlia lá em casa, com alguns amigos, para falarmos sobre o tema. A conversa decorreu dentro dos limites do civismo e o lanche estava delicioso!!
Esgrimiram-se argumentos de ambos os lados e, parece-me, cada um continuou como estava. Quem de início tinha ideia de votar sim, continua com essa ideia firme, quem ia votar não, vai votar não... e quem estava indeciso... CONTINUA SEM SABER O QUE FAZER!!!
Grave isto, quando falta menos de uma semana para decidir...
Conclusão: a televisão corrompe a sociedade jovem (principalmente se estiver a dar o "Prision Break" ou qualquer jogo da Liga de Basket em que entre o Barreirense...)!
6 Comments:
eu cá tenho duas coisas a dizer (três, vá..):
- acho que foi uma magnifica iniciativa,
- acho mal que tenham ligado a tv,
- acho que se lá tivesse estado te teria levado a uma decisão final.
modéstia COMPLETAMENTE à parte, claro.. :P
vamos lá ver...
ok.. a carapuça serve-me... :P
sou viciado no prison break, e do barreirense nem vale a pena falar... são assuntos do coração... ;)
de qualquer maneira acho (da minha parte) que a interferência foi mínima.. aliás, considero que te tenha mostrado por A+B aquilo que deves votar (que para não causar polémica, não vou revelar aqui)...
A tua indecisão prende-se com o facto de mais tarde te "sentires mal com o que pode acontecer"... Mas mais uma vez minha cara, não é isso que está em causa...
Abstrai-te do moralmente correcto e vota uma lei.. Vão haver sempre arrependimentos ou casos que te vão indignar.. mas é inevitável... ou não vês as notícias (sobretudo as do 4º canal)???
Dá a escolha a quem quer escolher... e deixa as opiniões para os outros... porque, como eu agora gosto muito de dizer, a opinião (e o julgamento do que é bom ou mau) de cada um vale o que vale...
... ajudei? :P
ps - fiquei com a sensação que já todos sabem o que vou votar.. am i right? ;)
Scratchy: É precisamente por não perder o telejornal da TVI que me assusta o pais em que vivo... Brincadeiras à parte, também não posso pôr o "moralmente correcto" de lado, precisamente porque se trata de ume LEI!
Underdog: Se tens tanta certeza de que me convencerias, chuta aí alguns argumentos. O que eu quero é que me convençam!!
PS - Também achei mal isso da TV, mas prontos... vivemos em Democracia! Cada um tem o direito à sua opinião (às vezes...)
Mas afinal, onde está a Pitseleh????
Meu querido Scratchy, por mais que isso te pudesse agradar, nós não vivemos numa sociedade amoral e, felizmente, as leis são o reflexo disso mesmo!
"Abstrai-te do moralmente correcto e vota uma lei" - Isto significa o quê???? As leis não existem só para garantir direitos, somos cidadãos com deveres e responsáveis pelos nossos actos! Temos, pelo menos, o dever de votar conscientes do país em que vivemos e das possíveis consequências desse voto! Deixemo-nos de facilitismos e do deixa-andar, já era tempo!
Espero que ajude... :)
"Carminho & Sandra
Carminho senta-se nos bancos almofadados do BMW da mãe. Chove lá fora. Encosta o nariz ao vidro para disfarçar duas enormes lágrimas que lhe rolam pela face. A mãe conduz o carro e aperta-lhe ternamente a mão. Há muito trânsito na Lapa ao fim da tarde. A mãe tem um olhar triste e vago mas aperta com força a mão da filha de 18 anos. Estão juntas. A caminho de Espanha.
Sandra senta-se no banco côr-de-laranja do autocarro 22 que sai de Alcântara. Chove lá fora. Encosta o nariz ao vidro para disfarçar duas enormes lágrimas que lhe rolam pela face. A mãe está sentada ao lado dela. Encosta o guarda-chuva aos pés gelados e aperta-lhe ternamente a mão. Há muito trânsito em Alcântara ao fim da tarde. A mãe tem um olhar triste e vago mas aperta com força a mão da filha de 18 anos. Estão juntas. A caminho de casa de Uma Senhora.
O BMW e o autocarro 22 cruzam-se a subir a Avenida Infante Santo.
Carminho despe-se a tremer sem nunca conseguir estancar o choro. Veste uma bata verde. Deita-se numa marquesa. É atendida por uma médica que lhe entoa palavras doces ao ouvido, enquanto lhe afaga o cabelo. Carminho sente-se a adormecer depois de respirar mais fundo o cheiro que a máscara exala. Chora enquanto dorme.
Sandra não se despe e treme muito sem conseguir estancar o choro. Nervosa, brinca com as tranças que a mãe lhe fez de manhã na tentativa de lhe recuperar a infância. A Senhora chega. A mãe entrega um envelope à Senhora. A Senhora abre-o e resmunga qualquer coisa. É altura de beber um liquido verde de sabor muito ácido. O copo está sujo, pensa Sandra. Sente-se doente e sabe que vai adormecer. Chora enquanto dorme.
Carminho acorda do seu sono induzido. Tem a mãe e a médica ao seu lado. Não sente dores no corpo mas as lágrimas não param de lhe correr cara abaixo. Sai da clínica de rosto destapado. Sabe-lhe bem o ar fresco da manhã. É tempo de regressar a casa. Quando a placa da União Europeia surge na estrada a dizer PORTUGAL, Carminho chora convulsivamente.
Sandra não acorda. E não acorda . E não acorda. A mãe geme baixinho desesperada ao seu lado. Pede à Senhora para chamar uma ambulância. A Senhora não deixa, ponha - se daqui para fora com a miúda, há uma cabine lá em baixo, livre-se de dizer a alguém que eu existo.
A mãe arrasta a Sandra inanimada escada a baixo. Um vizinho, cansado, chama o 112 e a polícia.
Sandra acorda no quarto 122 dias depois. As lágrimas cara abaixo. Não poderás ter mais filhos, Sandra, disse-lhe uma médica, emocionada.
Sai do hospital de cara tapada, coberta por um lenço. Não sente o ar fresco da manhã. No bolso junto ao útero magoado, a intimação para se apresentar a um tribunal do seu país: Portugal.
Eu voto sim . Pela Sandra e pela Carminho. Pelas suas mães e avós. Por mim.
Rita Ferro Rodrigues"
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