Já te contei?...

Porque há coisas que às vezes ficam por contar...

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

E se de repente…

… os semáforos bloqueassem todos no amarelo?!... Foi o que aconteceu um dia destes, num largo bastante movimentado aqui perto.

Detive-me deliciada a observar as reacções: num primeiro momento, a estranheza, a incredulidade, a espera. Não tardou a impaciência – sobretudo dos segundos e terceiros e quartos (…) da fila – e as buzinadelas.
Ao mesmo tempo, o receio de avançar dos que estavam junto ao semáforo. Passados alguns (muitos) segundos, alguém teve que tomar a iniciativa de avançar. Aliás, vários tomaram a iniciativa de avançar. E por momentos gerou-se o caos.

Ao mesmo tempo que soltei algumas gargalhadas interiores, não pude deixar de fazer um paralelismo com a vida real. Porque acontece. Porque há muitos sinais amarelos que nos detêm e nos impedem de avançar, por receio, por precaução, por insegurança. A vida não é a verde e vermelho (passe a adaptação cromática). Nem sempre se tem a certeza se se deve ir em frente ou ficar parado. Quase sempre há alguém atrás, que nos buzina, que nos empurra, mas que nem sempre é suficiente, porque o caos é assustador. Por vezes, a vida também é a amarelo…

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

O Perfume

Sou extremamente sensível aos cheiros. Suporto pouco mais de 10 perfumes. Na minha pele a contagem desce para metade. Já aconteceu gostar de um cheiro noutra pessoa, comprar o perfume e deixá-lo quase intacto ao perceber, à primeira utilização, que me causava náuseas...

Por isso, identifiquei-me bastante com o romance do Patrick Süskind, no qual o protagonista era dotado de um olfacto extremamente desenvolvido, apesar de ele próprio não emanar nenhum cheiro, identificando odores que se misturavam entre as ruas, ou que se encontravam a uma distância considerável. O seu olfacto era tão apurado, que a certa altura nenhum cheiro era novidade para ele... até ao dia em que experimenta o cheiro de uma mulher.

A partir dessa altura fica obcecado pelo cheiro feminino, e depois de várias experiências para conseguir extraí-lo (através do assassínio de várias mulheres), consegue, através de uma adaptação do método de "enfleurage" (que consiste em impregnar as substâncias aromáticas em cera e depois extrair o óleo com álcool), captar a essencia de várias mulheres, em pequenos frascos de perfume.

A história do livro vai um pouco mais além deste resumo, mas já o li há vários anos, por isso confesso que já não me lembro de muitos pormenores. Alguns deles, foram, no entanto, perfeitamente retratados no recente filme, com o mesmo nome. A cena inicial não poderia ser mais fiel. O próprio protagonista pareceu-me bastante próximo à imagem que criei quando li a história.

No entanto, algumas adaptações tiveram que ser feitas, ao ponto de ser criada uma cena com um impacto visual "marcante", de uma orgia monumental entre machos desdentados e fêmeas peludas... Não me recordo dessa cena no livro, de qualquer forma... não havia necessidade...

O filme pareceu-me, no essencial, fraco. Para quem não leu o livro, então, torna-se extremamente confuso. Há pormenores que só se conseguem perceber por associação à história original, o que não é suposto quando se vê um filme.

Conselho: Esquece o filme. Lê o livro. É bom para desanuviar.

sábado, 25 de novembro de 2006

Só pra dizer...



Fonte de mel
Nos olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás

Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Vocé é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir
No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer

Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

Gosto de ver
Você no seu ritmo
Dona do carnaval
Gosto de ter
Sentir seu estilo
Ir no seu íntimo
Nunca me faça mal

Linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Descobri o Capítulo 2!!

Estranhei o facto de só passarem os anúncios ao Capítulo 1 e 3 da saga “Jovens com Asas”. Eis que descobri o capítulo que faltava:



Parecendo que não… facilita!

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Parabéns a nós…

Há precisamente 8 anos atrás, uma segunda-feira, o Sr. Santos saiu de casa por volta das 21h, desesperado, porque a filha – que saíra de casa antes das 18h, dizendo que ia buscar uns apontamentos para o teste do dia seguinte a casa de uma colega (coisa para, no máximo, meia hora) – ainda não tinha aparecido.

Depois de telefonar para casa de todas as amigas e de ter percebido que a filha (que não ia para lado nenhum sem avisar e que era pontual e cumpridora de horários) não se encontrava em nenhum dos sítios onde costumava estar, saiu à sua procura. Correu a cidade. Os centros comerciais, os cafés, a biblioteca, a escola. Nada.

De facto, tinha saído para ir buscar uns apontamentos a casa da Rita, mas não esperava encontrar-te. E como precisava falar-te! Não conseguia deixar de pensar no que tinha acontecido no sábado. Quando penso ainda sinto a “moínha” (desculpa o plágio, Pitseleh) que sentia na barriga. Precisava saber o que era aquilo. E queria tanto que quisesses o mesmo que eu… Felizmente querias.

Nem reparei nas horas a voar. Conversar contigo foi, desde sempre, um prazer. Sentir o teu cheiro, olhar para ti… Acho que já tinha a certeza que eras tu. Desde o primeiro dia. Porque me fazes rir, porque me valorizas, porque me apoias e limpas as minhas lágrimas. Porque me conheces com o olhar. Porque és o meu melhor amigo. Porque colocamos todos os dias um tijolo no nosso edifício. Porque olhamos na mesma direcção.
Às vezes penso que não te mereço…

Eram 21h30 quando olhei para o relógio. Não imaginava o reboliço em que ia encontrar a minha família… De facto, não era para menos. “Estive com um amigo”. Não menti. Mas valeram-me o sermão e o castigo que se estendeu por duas semanas… e o olho aberto dos papás, que, à mais leve distracção, iam confirmando as suspeitas de “mouro na costa”.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Como foste capaz?...

Agora que já passaram uns dias e já consigo falar no assunto (ainda que com muita mágoa), tenho algumas coisas para te dizer:

Não foi justo o que me fizeste. Casaste com a outra sob o olhar do mundo inteiro! Não fizeste por menos e reservaste um castelo medieval perto de Roma... Achas que era preciso isso tudo?! Achas que ninguém ia saber que ias casar com essa Katie destemperada? Só porque a engravidaste??? Hoje já não se casa só por isso... Eu até assumia a miúda, eu disse-te, mas tu, com essa mania das coisas certas que aprendes nessa igreja manhosa... Humpf!!

Eu sei, eu sei que me casei primeiro, mas precisavas vingar-te assim à grande?! Eu ao menos casei numa Quinta discreta em Azeitão, e fiz a coisa por menos de metade dos convidados que tu tiveste!

Assim como assim, nunca aparecias! "Ah, agora estou a filmar em Los Angeles e prá semana vou pra Londres, não vai dar para ir aí"... pois, pois! O que é que querias? Uma mulher não é de ferro!

Ainda por cima, fazes um acordo pré-nupcial onde dizes que lhe dás 5 milhões de US Dólares se a traíres no primeiro ano de casamento! Olha, por mim, nem no primeiro ano, nem no segundo, nem para o resto da eternidade!!! Se tinhas esperanças que eu te perdoasse depois do primeiro ano, tira o cavalinho da chuva! Deves achar que eu sou dessas...

E depois ainda vens com mensagens subliminares nos filmes, a dizeres "I love you" e "I can't live without you" e "you are the most wonderful woman I've ever known"... (and so on, and so on...) a olhar para a câmara e a piscar-me o olho pelas costas das actrizes com quem contracenas... eu bem sei que é para mim, mas fica sabendo que agora "tou nem aí"!

Nem que venhas a rastejar! Aposto que vou ser bem mais feliz que tu!


PS - Despeito à parte, ficarás sempre na minha lista dos "How wonderful it would be if"... One never knows...

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Favas com chouriço



Pois bem... O que é que me ocorre dizer sobre este belo tema, aqui apresentado na voz do nosso grande José Cid (ler com sotaque de locutor de rádio local), e sobre o não menos belo videoclip?

1. Que lindo piajama tem o "Zé Cid"!
2. Acorda de barba feita, mas vai fazer a barba...
3. Ainda havia autocarros de dois andares em Lisboa (LOL!)
4. Estou maravilhada com a indumentária do artista (especialmente o colete!)
5. "E nem toco a secretária que é tão boa!" - Palavras para quê? - A sensualidade que emana da rapariga não deixa margem para dúvidas.
6. O falsete da Senhora durante todo o refrão é admirável. (Já agora, alguém sabe quem ela é? - perdoem-me a ignorância...)
7. Ela: "Não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer". Resposta: "Faz-me favas com chouriço, o meu prato favorito, quando chego para jantar, quase nem acredito!" - É a sensibilidade masculina no seu melhor!
8. Se mostraram a parte do autocarro e da repartição, porque é que não a mostram vestida de branco, os miúdos na cama e a "fogueira" acesa (será que ele queria dizer lareira)?
9. "Eu e tu, e tu e eu, e tu e eu e tu-u!" Para quem não percebeu, são os dois. Ele e ela. É isto que acontece quando já não há mais nada a dizer até ao fim da estrofe, mas ainda há uns acordes a preencher...
10. A volta que a câmara dá aos cantores, na parte final, para não ficar sempre no mesmo plano é interessantíssima, porque nos mostra um ponto de vista completamente diferente ao que estamos habituados desde o início da canção, até conseguimos ver as costas dela, as mãos do "Zé" no piano - para provar que é ele mesmo que está a tocar - voltando depois à posição inicial (grande realizador!).

Um inesquecível momento de expressão musical, que vos deixará certamente estarrecidos. Eu própria, desde que vi este videoclip, nunca mais comi favas com chouriço (a verdade é que antes também não, mas fica a informação, para que conste.)

Já agora, transcrevo a letra. É um poema a reter:

"Vá lá, são sete e meia, amor, e tens que ir trabalhar."
Acordas-me com um beijo e um sorriso no olhar.
E levantas-me da cama, depois tiras-me o pijama,
Faço a barba e dá na rádio o Zé Cid a cantar.
Apanho um autocarro, vou a pensar em ti
que levas os miúdos ao jardim infantil.
Chego à repartição, dou um beijo no escrivão
E nem toco a secretária que é tão boa.

(Refrão)
A pouco e pouco se constrói um grande amor,
De coisas tão pequenas e banais,
Basta um sorriso, um simples olhar
Um modo de amar a dois.
Um modo de amar a dois.

E às 5 e meia em ponto, telefonas-me a dizer.
"Não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer."
Faz-me favas com chouriço, o meu prato favorito.
Quando chego p’ra jantar, quase nem acredito.
Vestiste-te de branco, uma flor nos cabelos
Os miúdos na cama e acendeste a fogueira.
Vou ficar a vida inteira a viver dessa maneira,
Eu e tu, e tu e eu, e tu e eu e tu.

domingo, 19 de novembro de 2006

Trotsky is alive!!


Não "camaradas", ao contrário do que possam pensar, o ex-comandante do Exército Vermelho não regressou do México para salvar o mundo dos "porcos capitalistas"... mas se quiserem encontrar um "sósia" do comunista ucraniano, vão ao "Agito", um bar na Rua da Rosa (com bandeira arco-íris).

É, no mínimo, estranho, estar frente a frente com uma das figuras do regime comunista Soviético, em pleno Bairro Alto, sobretudo quando ele nos está a servir Martinis, J&Bs, Caipirinhas, ou mesmo o mais português, Licor Beirão...

Diz que é a globalização...

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Lí por aí... #2

Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais por não ter nada a dizer...


PS - Dizes-me quem é?...

Crazy (Não somos todos um pouco?...)



I remember when, I remember, I remember when I lost my mind
There was something so pleasant about that face
Even your emotions had an echo in so much space

And when you're out there, without care
Yeah I was out of touch
But it wasn't because I didn't know enough
I just knew too much

Does that make me crazy?
Does that make me crazy?
Does that make me crazy?
Probably

And I hope that you are having the time of your life
But think twice, that's my only advice

Come on now who do you, who do you, who do you, who do you
think you are, ha ha ha, bless your soul
You really think you're in control

well,
I think you're Crazy
I think you're Crazy
I think you're Crazy
Just like me

My heroes had the heart to live their lives out on a limb
And all I remember is thinkin' I wanna be like them.

Ever since I was little, ever since I was little it looked like fun
And there's no coincidence I've come
And I can die when I'm done

But maybe I'm Crazy
Maybe you're Crazy
Maybe we're Crazy
Probably!
Probably!

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

O pessoal é jovem...

Diz que os coitados dos alunos andam novamente em protestos.

A novidade é que os protestos de hoje foram combinados via SMS e Internet - as novas tecnologias ao serviço do Direito de Expressão.

Ainda há pouco, numa reportagem que vinha a ouvir no carro, fiquei esclarecida sobre os motivos de tamanho descontentamento. E tudo isto, porque o Tiago Qualquercoisa (parece que é o presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Fonseca Benevides) fez o favor de explicar para quem queria ouvir: "A gente estamos fartos das aulas de substituição, porque se não temos uma aula, não podemos sair mais cedo, temos que ficar na escola, a fazer actividades, jogos temáticos e assim. A gente não podemos continuar a aceitar isto e agente queremos que o Ministério faça qualquer coisa!". "E se não fizer?" - perguntou a jornalista - "Atão... se não fizer... amanhã é outro dia e vamos ter que fazer qualquer coisa."

Eu tenho uma proposta para o Ministério: que tal, durante as aulas de substituição, darem umas noções de gramática aos "piquenos"? É que o pessoal é jovem, mas se vai falar para a rádio, representando a Associação de Estudantes da escola, até ficava bem dizer coisa com coisa...

Ah e tal... ah e tal, não!

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Magusto

Celebrou-se este fim-de-semana o dia de S. Martinho.
Deve ser das lembranças mais antigas que guardo ainda hoje.

O meu pai sempre fez questão de comemorar este dia, sobretudo porque é uma forma de festejar o aniversário da minha avó, que faria anos nesse dia, se fosse viva... Este ano não foi excepção, ainda que nada tenha a ver com os magustos de outros tempos…

Recordo-me que, desde muito nova, o magusto era um motivo de festa em toda a vizinhança. Juntavam-se os vizinhos mais próximos no quintal dos meus pais, ou no quintal dos vizinhos “pitróleiros” (um ano em cada sitio) e o ritual repetia-se: espalhava-se a caruma pelo chão e colocava-se uma camada de castanhas (que tínhamos cortado previamente - sim, as crianças também cortavam – e depois!? Fazia parte!) e sal por cima; cobria-se novamente com mais caruma, e ateava-se o fogo.

Para nós, era a parte mais animada da noite! Ver aquela fogueira, ouvir as castanhas a estalar, parece que ainda estou a ouvir esse som... Depois era só esperar que arrefecesse um pouco, afastar a caruma, apanhar as castanhas a escaldar e deliciarmo-nos com aquele manjar dos deuses, banhado com agua pé (ok, no nosso caso, com Coca-Cola…).

Invariavelmente acabávamos a noite com as caras pretas, das dedadas que dávamos uns aos outros, com as mãos sujas de mexer na caruma queimada.

Era quase sempre uma noite fria, aquecida pelo fogo e pelas gargalhadas acesas que vinham com as anedotas do final – mesmo que não soubéssemos bem porque é que os mais velhos se riam tanto de coisas que não percebíamos bem...

Enfim… Não deixava de ser um bom pretexto para ir para a cama mais tarde...

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

De passagem

Gosto de andar pelas ruas... Gosto de olhar para as pessoas.

Perco-me em pensamentos sem sentido, imaginando em que estarão elas a pensar, o que é que terão para fazer, para onde vão, se estão atrasadas…

Gosto de ouvir fragmentos de conversas para construir realidades inexistentes. Escrevo histórias mentais a partir de um simples “mas eu sempre lhe disse que assim não resultaria…” ou “já sabes, ele não muda…”.

Paro na banca dos jornais e ouço a vendedora a tentar convencer a vizinha forreta de que “se comprar de uma vez seis pratos de sopa que vêm com a Caras, fica logo com seis pratos de doce de oferta!”.

Ajudo o transeunte (regozijo!! - LOL!!) perdido a encontrar a bomba de gasolina - que fica do outro lado do jardim - onde o seu amigo o espera.
E, mais uma vez, detenho-me a observar as caras. A natureza surpreende-me com a sua capacidade de criar milhares de milhões de traços que nos diferenciam uns dos outros. Narizes, olhos, bocas, tons de pele, cabelos…

Gosto destes dias de sol, mesmo que esteja frio. A claridade aviva-nos os sentidos…

Sol de Inverno



Sabe deus que eu quis
Contigo ser feliz
Viver ao sol do teu olhar,
Mais terno.
Morto o teu desejo
Vivo o meu desejo
Primavera em flor
Ao sol de inverno
Sonhos que sonhei
Onde estão
Horas que vivi
Quem as tem
De que serve ter coração
E não ter o amor de ninguém.
Beijos que te dei
Onde estão
A quem foste dar
O que é meu
Vale mais não ter coração
Do que ter e não ter, como eu.
Eu em troca de nada
Dei tudo na vida
Bandeira vencida
Rasgada no chão,
Sou a data esquecida
A coisa perdida
Que vai a leilão.
Sonhos que sonhei
Onde estão
Horas que vivi
Quem as tem
De que serve ter coração
E não ter o amor de ninguém.
Vivo de saudades, amor
A vida perdeu fulgor,
Como o sol de inverno
Não tenho calor.

Grande Simone!!

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Mexilhão


do Cast. mejillón

s. m., Zool.,
género de moluscos lamelibrânquios comestíveis.

O mexilhão (Mytilus edulis) é um molusco bivalve da ordem Mytiloida, consumido como fonte de alimento.

Os mexilhões são animais sésseis que vivem nas zonas intertidais, fixos pelo bisso às rochas costeiras. A sua concha é negra azulada, sem ornamentação a não ser as linhas de crescimento. A sua charneira é disodonte. Entre os predadores naturais do mexilhão encontra-se a estrela do mar.

Que bonito que ele é... E que bem sabe!! Muito haveria a dizer sobre o mexilhão... As coisas que se aprendem num estábulo perdido no meio de Madrid... LOL!!

Eu não te disse?

terça-feira, 7 de novembro de 2006

The rain in Spain falls mainly in the plain...


Como eu desejei que a Miss Doolittle estivesse certa... mas não foi isso que aconteceu este "finde". Basicamente choveu o tempo todo, houve dias em que não parou de chover um minuto sequer! Ainda assim, cabe-me tecer algumas considerações:

1.º - Adorei a cidade, a sua imponência, a sua elegância e o seu cosmopolitismo (não imaginava...)

2.º - Os espanhóis - pelo menos os madrileños - são um susto a conduzir! Qualquer coisa como um sinal encarnado (ou vermelho, como queiras), é apenas de carácter decorativo.

3.º - A gravação nos autocarros turísticos que se apresenta com uma bandeira portuguesa, não é mais que um brasileiro rasca, onde nem a expressão "cidadões" faltou. Enfim, um ultraje à nossa língua (ainda nos chamam irmãos - cínicos!!).

4.º - Não tive tempo de ver todos os museus da cidade (que ficam, sem dúvida, para uma próxima vez) mas o Prado vale a pena, nem que seja pela magnífica pintura "As meninas" de Velasquez, pela sua dimensão real e estética.

5.º - À parte o sucedido no 11/3, a estação da Atocha é um sítio a não perder, sobretudo pelo maravilhoso jardim interior, que enquadra o restaurante Samarkanda (onde servem uns "Lomitos de gacela con patatita asada y crema agria acompañado de tomatito relleno de setas y salsa al vino de frambuesa" divinais).

6.º - O bairro Salamanca é ideal para quem quer gastar uns trocos (valentes) em compras. Encontras desde a familiar Zara até à conceituada Casa Dior (obviamente não entrei nesta última... não tive tempo!).

7.º A Gran Via também é um bom sítio para gastar dinheiro. O consumo tenta-nos porta sim, porta sim. A calle Fuencarral (perto da Chueca), mais alternativa, também entra nesta categoria. Descobri aqui uma loja de chás espectacular (mais consumo!)...

8.º O palácio real e a catedral de Almudena são imperdíveis. A grandiosidade é esmagadora.

9.º - As praças espalhadas pela cidade e as Avenidas de quilómetros e quilómetros não têm paralelo com as nossas avenidazinhas de Lisboa, realmente somos pequenos, digam o que disserem (but small is beautiful).

10.º - Ia morrendo engasgada com uma pastilha elástica. Por momentos vi a minha vida a andar para trás, mas quando me ameaçaram com "a manobra", recuperei o fôlego e voltei a mim... LOL! Mas não deixou de ser um grande susto para todos - sobretudo o quase-futuro-viúvo! (desculpa...)

11.º - Soube bem usar os casacos de inverno novamente, com temperaturas a rondar os 12ºC...

12º - Cuidado com as peluqueras da Calle Alcalá. Uma moçoila não pode ir fazer um simples brushing (peinar el pello) que se arrisca a sair de lá com uma queimadura no couro cabeludo - sim, foi o que me aconteceu!

13.º - De resto, não posso deixar de salientar a hospitalidade dos amigos madrileños-quase-montijenses (que despromoção!!) e agradecer-vos pela paciência de nos ensinar os truques básicos de sobrevivência em Madrid! Quando eu comprar o meu chalet na Moraleja, serão os meus primeiros convidados. Já sabem, M30, é só virar à direita como quem vai para Sanchinarro! O porteiro fica avisado. ;)

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

São Pedro:

Tenho percebido que ultimamente tens andado um bocado chateado comigo, mas não consigo perceber porquê! Acredito que posso não ser das meninas mais bem comportadas que conheces, mas - IRRA! - também não sou assim tão má!! E sabendo tu, melhor que ninguém, como sou fã de sol, podias ter um pouco de piedade de mim...


Lembras-te em Junho, por alturas do mundial, em que decidi tirar uns dias de férias e rumar ao Algarve? Eu recordo-te: choveu os QUATRO dias e quando fui trabalhar no dia seguinte, o termómetro chegou aos 27ºC e o sol estava radioso.


Depois, em Setembro, quando fiz a minha viagem de sonho, às Maldivas, lembraste-te de mandar uma frente fria que nos brindou com uma semana de temporal, que nos manteve presos no bungalow naquele que seria o paraíso dos banhos de mar (ok, fomos três vezes à praia, mas sol, só mesmo quando acabámos de fazer as malas para regressar a Portugal!!).


Finalmente, este fim-de-semana, soube o que é ser turista de "paraguas" na mão. Diz que hoje já não chove, mas nos últimos três dias chuva foi o que não faltou.


Agora a sério, o que é que tens contra mim?!

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Também sou filha de Deus!!

Pois é... num dia de fartura de posts, não há dois, sem três...

Mas este para informar que o "Já te contei?..." Só regressa 2.ª feira. É que vou passear... para Madrid!

Olé!!

E lá vão três...

Parece que os Xô-Guardas se apaixonaram pelo Mê Carro... Andam sempre à procura dele para ver onde está, e por azar, cada vez que o encontram, está onde não devia estar. Isto há coisas...

Desta vez estava num lugar de estacionamento privativo da PT (quem é do Barreiro sabe bem que toda a gente deixa ali os carros - ao pé da Misa") e foi brindado com mais um bilhetinho carinhoso, que me informava da referida infracção e que me punia com o pagamento de (nem mais nem menos) € 60,00!! (Sim, sessenta).


Resignada com a minha sina, entrei no carro, e aproximou-se um Xô-Guarda (que por acaso até era bem giro - coisa rara) muito simpático e sorridente (filho-da-mãe!) que me veio informar: "A Senhora teve imensa sorte! O carro que estava estacionado atrás do seu foi levado agora pelo reboque, que vinha buscar o seu carro a seguir. Assim, para além da multa, ainda teria que pagar o reboque e o parque, coisa para mais uns € 50,00..."

Pois é Xô-Guarda... Há dias de sorte!!

So me saem é duques #3

Na continuação desta rúbrica (felizmente) pouco frequente, não posso deixar de enaltecer a crescente sensibilidade dos já referidos gestores de espaços públicos. E digo isto depois do episódio desta manhã:

Deixei, como sempre (desde que apanhei uma multa - a segunda - por ter deixado o carro mal estacionado no terminal da minha terra de sonho e de futuro) o carro num descampado - que de tantos buracos que tem quase faz lembrar os alpes, "mal acomparando" - onde a expressão "estacionamento selvagem" se torna um eufemismo. Graças a isso, não é de estranhar que haja sempre um ou dois "carochos", quer dizer, gestores de espaços públicos, para nos facilitar a vida com o seu já conhecido "destróce!".

Para além de não ter paciência nenhuma para estes cidadãos (para ser simpática e universalista na denominação), este episódio ocorreu ainda dentro da primeira hora e meia de acordada - que normalmente não é nada boa...

Eis que, depois de eu ter estacionado, com a inestimável ajuda do senhor, que teve o grande trabalho de dizer "Tá bom!" (se não fosse ele, acho que ainda agora lá estaria a fazer manobras!), saio do carro e sou abordada pelo fulano, que, para variar me pediu "umas moeditas". Para não ser antipática, preferi seguir o meu caminho sem responder.

E não é que ofendi o senhor?! "Sua mal educada! Podes não dar dinheiro, mas pelo menos diz Bom dia! Onde é que já se viu, estas gajas mal educadas! Anda aqui um gajo a ajudar e nem um Bom dia, nem Obrigado! É que não se faz!".

Pronto! Para a próxima, saio do carro, dou-lhe um forte abraço de reconhecimento (se não me vomitar antes com o mau cheiro) e digo: "Bom dia amigo! Sem si, nunca teria sido capaz de fazer um estacionamento tão perfeito! Desejo-lhe um bom e santo dia... mas trocos não tenho! Saudinha!".

Assim, ele continua sem a dose, mas ao menos sente-se acarinhado e recompensado pelo grande favor que presta à sociedade...